segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

A culpa é...

Da Intrínseca! E da Iris, claro.

Lembra de toda a ação que teve na Nerdfighteria (e possivelmente na sua timeline por minha culpa) sobre o lançamento dA Culpa É Das Estrelas? De casquinha, a Iris perguntou quem queria receber uns livros da Intrínseca pra perder por aí. Eu aceitei. Meses atrás.

Eu só não sabia que uns livros seriam 15 livros.

O primeiro foi deixado dia seis de agosto no ônibus voltando da academia. Como não poderia faltar, Murphy pegou aquele mesmo ônibus. O que parecia fácil - deixar o livro e sair correndo do ônibus porque ele está sempre vazio - se tornou missão impossível: ônibus encheu de uma hora para a outra, todas as pessoas resolveram descer no mesmo tubo que eu e todas elas resolveram d-e-s-c-e-r  l-e-n-t-a-m-e-n-t-e  d-o  ô-n-i-b-u-s. E eu lá, tentando literalmente fugir de um livro que eu deixei propositalmente ali dentro.

Porque quando você perde algo sem querer, quase nunca ninguém te devolve. (Se devolveu, provavelmente eu que achei.)
Mas quando você perde algo propositalmente, sempre tem uma boa alma pra te devolver o item.
E olha que eu coloquei na capa de todos os livros que supostamente perdi um post-it que dizia "este livro não foi perdido acidentalmente! Abra a capa! :)".

Percebi a movimentação das pessoas de dentro do ônibus, ainda quando estava tentando quase sem sucesso sair de dentro dele. Ouvi as pessoas gritando. Fingi na hora rir não ouvir.

Fica a pergunta: será que a pessoa que ficou com o livro vai lê-lo?

Deixei alguns livros:
No Come-Come
Na academia
No restaurante que eu almoço quase sempre
Na Praça Oswaldo Cruz (VI O MOLEQUE PEGAR E LER O LIVRO!!) 
Na praça de alimentação do Palladium
Num banco do Parque Barigui
Um eu dei pro meu sogro junto com o pôster dos balanços

Ainda tenho livros pra espalhar por aí.

Tomei a liberdade de fazer duas coisas com duas cópias dos livros (resolvi não contar pra Iris nem pra Intrínseca porque eu não queria que me dissessem não. Hahaha.): um deles dei, a princípio, para o meu chefe. A partir dele, a regra desse livro é lê-lo, assinar o verso, tirar e publicar uma foto com a pessoa pra quem você entregou esse livro. Por onde esse livro vai andar? Me pergunto se o livro realmente anda de mão em mão.

Um livro ainda quero mandar para a Alemanha para a minha amiga Carol. Ela perdeu a mãe e o irmão mais velho por conta de câncer. Eu ainda não sei 1) o que é perder alguém muito próximo e 2) perder alguém muito próximo por conta de câncer. Eu não sei o que se passou na cabeça da Carol nos dias difíceis, o que tinha naquele coração durante a aceitação dessa incompletude que nada repreenche. Eu não sei o que vai acontecer comigo o dia que isso acontecer.
Eu não sei o que se passa com ela hoje em relação a isso. Minha mãe diz que até hoje ela sente falta da mãe dela e, por isso, eu sinto falta dessa vó que nunca conheci.

Tudo o que eu quero que a Carol saiba é que existem infinitos maiores que os outros. Que pode (e deve) existir vida dentro de algo tão avassalador. Que o esquecimento um dia chega para todos. Que nem sempre a culpa é da gente ou da sorte ou do azar. Que a gente não escolhe se vamos nos machucar, mas nós temos alguma escolha em quem nos marca e como nos marca.

Talvez ela leia o livro. Talvez ela esqueça que algum dia o teve nas mãos. Talvez ela leia, me odeie para sempre e queime o pobrezinho junto com um papel contendo o meu nome. Talvez ela nunca abra.

Perhaps, perhaps, perhaps.




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