terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Entrevista de hoje

Nunca tive uma entrevista tão surreal.

É sabido da escassez de mulheres na área da tecnologia da informação. Isso não é novidade pra mim. Mas hoje essa informação somada à entrevista que fui fez com que tudo ficasse mais engraçado.

Fui pra entrevista. Chegando lá, a secretária gostosa me manda preencher um formulário, ler um cartaz com detalhes do projeto e assinar tudo. Depois que fiz isso, ela me conduziu pra sala de entrevistas. A sala tinha uma mesa oval no centro dela, com seis cadeiras e a maior televisão que eu já vi. A sala não era maior que o meu quarto. Vai ver era por isso que foi a maior televisão que eu já tinha visto. Quando entrei, tinha um tio careca com um óculos clássico de nerd me olhando como se eu fosse o último sorvete do deserto de um lado da mesa. E sorrindo. Notei que, do outro lado da mesa, tinha um outro tio um pouco mais novo que o tio careca também me olhando certamente pensando: olha só, uma menina! e até é bonitinha! será que ela é inteligente?. Fiquei meio sem jeito e tudo que consegui falar foi:

- Eu fecho a porta?

Fechando a porta, o tio careca fala alguma coisa que eu não entendi. Anyhow, eu virei e estendi a mão pra ele pra cumprimentar. Aí ele estendeu a mesma mão para a minha outra mão que estava segurando os formulários que preenchi. Enfim. Uma bela cena de comédia de escritório pra algum filme do Didi. Nesse momento noto que o tio careca tem uma aliança dourada no dedo mágico da mão esquerda. Penso: lucky boy.

A entrevista começa. Perguntam se eu tenho como comprovar minha experiência em desenvolvimento de sistemas, eu disse que sim. Nessa hora eu notei que o tio careca continuava olhando pra mim e o tio mais novo olhava pra mim e pro seu netbook. Perguntam o que eu sei de tecnologia Java, eu respondo, o tio careca me pergunta se eu sei Oracle e Oracle Forms, na hora eu pensei eu trabalhei com Oracle Forms na iProcess?!, mas respondi que achava que sim e que fazia muito, mas muito tempo. Nessa hora, entra um outro cara mais ou menos da minha idade. A entrevista com os dois tios continuava (com o tio careca ainda olhando pra mim e o tio mais novo olhando mais pro seu netbook). Ao final, o tio mais novo pergunta:

- E aí Geraldo? O que tu quer perguntar pra Priscilla?
- Então, Priscilla, eu vim aqui pra te perguntar umas coisas mais técnicas.

Nessa hora, eu pensei: pronto. me fodi.

- Posso começar?

Na verdade não. Posso ir embora?

- Pode.

E o maluco me fuzila com tudo que era pergunta. Lógico que a primeira, eu tava muito nervosa, eu não entendi e comecei a responder qualquer coisa. O maluco ficou me olhando com uma cara de hn?! e eu larguei:

- Ai. Eu acho que não entendi tua pergunta.

Sim, com o ai na frente. E foi fuzilando, fuzilando... E eu lá, respondendo como eu sabia. Uma hora eu noto que o tio do netbook sorria cada vez mais com as minhas respostas. Aí, eu fui ganhando confiança e fui respondendo ainda melhor as perguntas.

- Selenium?

VALEU, CLAUDINEEEEEEEEEEEI!

- Sim, já ouvi falar, mas nunca trabalhei. É uma ferramenta de automação de testes bem jóia.
- E Hudson? Já ouviu falar? Já mexeu?
- Sim, já ouvi falar. Eu trabalhei com ele na Idea.
- Tu era a responsável?
- Não, eu não era. Mas eu trabalhei um pouquinho.
- E tu sabe o que é o Hudson?
- É um Selenium pra builds.

O maluco me olha. Faz a expressão facial que geniaaaaaaaaaaaaaaaal, olha pro tio do netbook, o tio do netbook olha pra ele e faz a resposta muito também em expressão facial. O maluco volta a olhar pra mim e diz:

- Essa foi a melhor definição pra Hudson que eu já ouvi.

Assim a entrevista foi indo até que terminou.
Saí de lá me sentindo a pessoa mais esperta do universo. Liguei pro Tobias pra contar.
Nunca sai tão confiante de uma entrevista.
E se não passar, certamente não vai fazer mal. O plano B já está em andamento.

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