segunda-feira, 11 de junho de 2007

Nova geração NDI

Nasceu Sofia: o primeiro NDI-baby.

Assim começa mais uma geração. É uma coisa que passei o final de semana pensando: como meus pais deram e fizeram errado e que vontade de fazer tudo certinho. Que vontade de dar pros meus filhos tudo aquilo que eu não tive e que boa parte dos meus amigos têm. Juro que nunca achei que chegaria o dia que eu diria isso. Demorou a cair a ficha que eu sou apenas filha deles e não uma mera cópia. Cheguei até aqui por esforço. Não usei, não enganei e nem roubei ninguém. Durante muito tempo, tive apoio da minha mãe. Foi indispensável. Só hoje eu entendo quando minhas irmãs me dizem que a única família que temos somos nós três. Até entender isso, passei muito tempo me sentindo completamente sozinha e largada no mundo. Cresci com esse sentimento triste. Não sei como consegui ser tão feliz. Eu realmente tirei leite de pedra.

É duro dizer e aceitar que seus pais não fizeram diferença alguma no seu crescimento pessoal. Meu primeiro sentimento de abandono foi quando meu pai desistiu da gente lá pelos meus 5 anos. Eu era pequena, não tinha como entender. A ficha foi caindo aos poucos. O segundo foi quando minha mãe me deixou sem eira nem beira pra ir pra São Paulo. Eu tinha 20 anos e tinha recém entrado na faculdade. Eu queria curtir, mas tive de crescer muito rápido. Afinal, quem ia me sustentar?! Tive de aprender a duras penas a ser alguém correto, de caráter, honesto (ao contrário da minha mãe), trabalhador (ao contrário do meu pai). Eu não tive alguém pra me mostrar onde é que se acha isso. Eu estava lá e todas as escolhas na minha frente. Ninguém pode apontar pra mim e me dizer que eu não sei o que é discernimento. Eu sei sim. Sei muito bem. Diz minha psicóloga que eu me criei muito bem. Agora que vejo a minha vida de um novo ângulo, percebo que realmente me dei muito bem mesmo. Conquistei e mantenho meus amigos por ser quem sou e, aos poucos, conquisto meu espacinho no mercado de trabalho e no mundo acadêmico. Fiz muitas escolhas sozinha sem ter a mínima idéia de onde iam me levar, outras eu fiz tendo algum tipo de objetivo. Fiz escolhas importantes sozinha, sem nenhum tipo de suporte. Era eu e Deus. Tive muito a ajuda de muita gente legal, principalmente das pessoas que, hoje, eu chamo de Conselho. Eu sempre dei muita sorte de conhecer pessoas boas e de confiança. Também sempre dei sorte que, na hora do pega pra capar, uma dessas pessoas estava do meu lado.

A única pessoa que eu conheça que tem um problema tão grave com pai e mãe que eu conheço é a Bruna, mas é em outra linha. Talvez seja uma pessoa que, de alguma forma, me entenda.

Desejo aqui muita luz, muita felicidade, muita força, muita paciência e consciência pro Hackbarth, pra Hackbartha e pra Hackbarthinha. Não deixem escapar por entre os dedos esse sentimento tão bonito que vocês construiram com tanto amor que eu invejo boamente tanto.

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