sábado, 25 de novembro de 2006

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...and Almodóvar strikes again!

Que filme lindo. Tem todos os elementos que deixam os filmes do Almodóvar perfeitos: trilha sonora linda, Penélope Cruz, Carmem Maura, situações bizarras porém muito verossímeis, shots que só ele faria (como a cena de fechar o porta-malas do carro quando elas estão saíndo do cemitério e todas as cenas dos pés da Penélope Cruz), fotografia linda, emoção sem dramalhão.
Acho que esse é o meu filme favorito do Almodóvar. Antes era o Fale com Ela.

Eu me identifico com a razão central do filme: relação entre mães e filhas. As situações que separam uma mãe de uma filha são diversas. Hoje, não tenho mais medo de falar sobre isso, mas me incomoda que pessoas que não são do Conselho saibam disso. Mas a diferença entre o filme e a minha vida é a falta de orgulho. No filme, as pessoas colocam o orgulho de lado e conversam sobre os fatos que as afastaram. Percebe-se a culpa que cada uma tem. Percebe-se o remorso que isso causou. Colocam em pratos limpos tudo aquilo que as magoaram e recomeçam um capítulo novo.

E não, simplesmente, ficam jogando uma a culpa na outra ou ficam fazendo como se nada tivesse acontecido ou ficam criando problemas e fantasmas onde não existe. Eu acredito que não se erra sozinho. Erro, pra mim, é regido pela terceira lei de Newton. Mas acho que na minha família, as coisas não acontecem assim. Me dói ver isso, dói mais viver isso. É muito triste ter duas famílias desse jeito. É muito triste ter de regular o que se fala, regular a vida social para que não haja conflitos, regular isso, regular aquilo, regular aquele outro também. Não dá pra ignorar o problema, como minha mãe faz, ou ficar remoendo sentimentos ruins sobre algo, como minha irmã faz. Não dá pra não ter vontade de solucionar, como ambas fazem. Mas esse tal de orgulho estraga tudo.
Eu não sei até onde isso machuca minha mãe. Ela não fala sobre isso com a profundidade que eu gostaria de ouvir. Mas eu sei direitinho como isso afeta minha irmã. Está escrito na testa dela e só os idiotas podem ver.

Mas, voltando ao filme: de médico e de louco, todo mundo tem um pouco. E nunca duvide de mulheres traídas. Elas são capazes de tudo.

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