segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Entrei pro clubinho que quer sumir do Brasil

Não quero mais morar aqui. Achei que nunca fosse dizer isso. Mas no Brasil não tem mais como viver.
Chegando em casa na sexta-feira, 22h, veio uma moto a milhão na minha direção. Detalhe: eu estava na calçada. Pensei: telentrega filho da puta!!! E me joguei pra sua pra não ser atropelada. A rua tava meio escura e não deu pra ver se realmente era uma telentrega filho da puta. De repente, eu escuto: ME DÁ A BOLSA! ME DÁ A BOLSA! Eram dois na moto. Eu murmurei um não... meio choroso, me agarrei na bolsa e saí gritando pela rua. O filho da puta ainda disse: NÃO CORRE! NÃO CORRE! Puta... E ele se tocou Ipiranga a fora com sua motoca.
Imagina: eu estava com dinheiro que não era meu, câmera que não era minha, diskman que não era meu. O que eu tinha de valor era a minha vida.O prejuízo ia ser meu e das pessoas que me emprestaram as coisas.
Eu estava, literalmente, a três prédios do meu prédio. Uma mulher grita da janela:
- Anda! vai pra casa se não eles vão te assaltar!
- Moça, eu moro ali! e apontei pro meu prédio. Estou indo pra casa!
Foi quando o desespero bateu. Coração bateu forte, me deu vontade de chorar. Obviamente não consegui abrir a porta o quão rápido queria, mas entrei no prédio.
Onde estavam os guardinhas que o meu condomínio paga? Provavelmente bebendo cachaça em algum boteco pobre com o dinheiro que esses ladrõezinhos filhos da puta dão pra que eles desapareçam da rua. Assim, eles conseguem assaltar livremente quem passa. Já peguei vários roubos de carro ali. E nunca os guardinhas estavam. Engraçado, não?
Acabo de entrar pro clubinho que não quer viver no Brasil, casar no Brasil, continuar no Brasil. Qualquer coisa que tenha a ver com viver no Brasil. Não dá mais.
A gente está se acostumando a essa barbárie. Cada vez mais inventamos coisas pra ser "seguro" e cada vez mais nos enjaulamos dentro de casa. Não se pode ter um iPod, ou um relógio bonito, ou um carro bonito por ter medo de ser assaltado, seqüestrado ou similares. Isso não é vida.
Eu tinha muitos planos antes desse, mas, agora, meus esforços para os próximos dois anos é juntar dinheiro pra pegar minha mãe e me mandar daqui.

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